domingo, 23 de janeiro de 2011

Mais uma vez, choveu…

Não iria entrar no comum e escrever sobre as chuvas que todo ano causam estragos no Brasil, mas em dezembro de 2008, eu escrevi este texto:

(…)
Choveu, choveu bastante. No começo achei graça, é mais uma chuva, mas daí choveu muito, mas muito mesmo, e fiquei assustado. A água entrou em casa, e tudo já não se via, e a água subia. A lama vinha junto, e o morro ameaçava “cair”.

Deixei a minha casa, me mandaram sair de casa, era uma questão de vida ou morte, saí de casa.
Mas a água, baixou...

Eu voltei pra minha casa, tudo estava sujo, como estava quando a deixei as pressas, mas algumas coisas não estavam mais lá. Minha TV não estava mais lá. Aliás, só a minha casa continuava lá.
Mas a água, a água baixou...

Contabilizei os prejuízos, e posso agradecer que tudo foi só um susto, um susto bem grande, mas ainda só um susto. Passou, vamos em frente.
(…)

Mais uma vez choveu, e os estragos foram ainda maiores. Casas foram levadas por morros, a natureza se encarregou de reconfigurar a paisagem, sendo que engenheiros e estudiosos do assunto conhecem toda a constituição do solo da Serra do Mar, então todos já sabem que de tempos em tempos algo pode acontecer naquela região.

Porém terrenos são vendidos, engenheiros dão laudos que não condizem com a verdade e permitem que casas sejam construídas em locais de risco, ou pior ainda, autoridades vem a TV e dizem que não há risco, nem mesmo quando o bairro é construído sobre um depósito de lixo, como aconteceu no Morro do Bumba no Rio de Janeiro há algum tempo atrás.

Mas nada foi feito. Nós, como indivíduos, antes de tudo temos de cuidar daquilo que é do próximo, ou seja cuidar para que o lixo vá para o local correto, e que eu me preocupe para onde este lixo é levado quando o coletor de lixo o leva. Alguns irão dizer, que não há coletor de lixo, que não há saneamento básico, ok, mas eu ainda sou responsável por cuidar do lixo que produzo, preciso entender que lixo é prejudicial, e não adianta jogar em qualquer lugar, já que isso pode me trazer prejuízos futuros.

Mas isso não é o suficiente. As autoridades, neste caso “otoridades” precisam agir. Precisam limpar galerias de esgoto, precisam fiscalizar se as áreas estão sendo cuidadas, e se as empresas responsáveis pela coleta de lixo estão realizando o seu serviço e ainda se os moradores estão cuidando do que é deles próprios.

Enfim, levantar da cadeira, e trabalhar, verificar de verdade o trabalho das construtoras que pedem liberação de loteamentos em áreas “seguras” levando em consideração que até seus filhos poderão morar num lugar que pode ser vítima de um deslizamento.

Todo ano é a mesma história, o morro desce, pessoas morrem, políticos declaram que sistemas de alarme serão instalados, porém a prevenção não é feita, e mais uma vez, ano que vem a chuva volta, e leva mais algumas casas pra baixo, mais uma vez sistemas de alarme serão implantados, porém nada será fiscalizado, nenhum loteamento será “legal” de verdade, e autoridades virão a TV e dirão que nunca choveu tanto como neste ano.

As autoridades mudam, porém os morros continuam a desabar, e a chuva acaba no mês de Abril.

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